terça-feira, outubro 26, 2004

Túnel do Tempo

Uma das maravilhas do blogue é servir de armazém de histórias que vão se acumulando ao longo dos anos. É claro que é um hospedeiro frágil, pois a qualquer momento o grupo que banca o servidor pode tirá-lo do ar e deixar os usuários a ver navios - ainda mais em um sistema gratuito.

Visitando o meu antigo sítio, o Balacoblog, relembrei alguns episódios que aconteceram entre 2002 e 2003. Um destes causos, aproveito para colar e copiar aqui no boteco. Foi um texto publicado no dia 11 de junho de 2002, e tenho certeza que aqueles que participaram vão lembrar desse dia!

Memórias recentes de um (quase) torcedor

Qualquer coisa é pretexto para a festa. Não que eu acredite que a seleção brasileira seja a melhor do mundo, nem me considero um emocionado patriota que, junto com a pátria, visto as chuteiras de quatro em quatro anos. Mas acontece que assistir aos jogos do Brasil na Copa do Mundo virou uma espécie de ritual, uma ocasião em que os amigos se reúnem para acompanhar a peleja e, é claro, beber algumas cervejas.

Foi imbuído desse espírito que baixei no Loreninha, histórico bar em frente à UERJ, na sexta-feira, véspera do jogo do Brasil contra a China. Ali já começamos a nossa “concentração” para o jogo – que só começaria muitas horas mais tarde –, abrindo as primeiras garrafas; ou, como meu amigo Chico Araripe prefere dizer, espocando a cilibina (não me perguntem o porquê do nome, cilibina não consta em nenhum dos nossos dicionários!).


A noite avança e a fome aperta. Saímos do Maracanã rumo à Tijuca pra forrar o estômago no Caçador, onde entre uma garfada e outra, continuamos a molhar as palavras com um geladíssimo chopp. Dali partimos para o nosso QG no Rio Comprido, para aguardar a hora da contenda. E tome de espocar a cilibina. Lá pelas tantas, no início do “clássico” Eslovênia e África do Sul, pedi arrego e fui procurar um canto pra dormir. No quarto ainda pude ouvir o locutor gritando um gol e o debate que se seguiu entre alguns heróis que ainda resistiam na sala. “Caramba, o gol foi de apêndice! Nunca vi gol de apêndice!”, “Tem certeza que foi de apêndice? Eu tive a impressão que foi de ilíaco...” O sono me impediu de saber como terminou a discussão.


Acordo com uma avalanche de almofadas sobre minha cabeça. Meio sobressaltado, olho pra porta e avisto Waltão, um cara que parece um gnomo árabe. “Levanta! Já são 8 horas!” Conheço a insistência e teimosia do amigo e a melhor coisa a fazer é obedecer. No banheiro, sentindo o resultado das cervejas da noite anterior estalando no meu cérebro, lembrei que o chuveiro é a gás e, o que é pior, jamais manuseei tal aparelho. “Melhor”, pensei, “assim eu desperto mais rápido”. E estava certo. A água estava tão gelada que cheguei a sentir falta de ar e tive que pular feito um canguru, até fechar a torneira, afastando qualquer resquício de sono que por ventura tivesse ficado dentro de mim. Antes de sair, encontrei um oportuno sonrisal escondido no armário.


O jogo começa e os gols não tardam a surgir. Brasil 3 - China 0, ainda no pimeiro tempo. Mas como quantidade não significa qualidade, tivemos que achar uma outra distração – malhar o Galvão Bueno. E o locutor oficial da Globo não nos decepcionou! Em um determinado momento, falou em alto e bom som: “tenho certeza, na China está todo mundo torcendo pra China!”.


No intervalo, Susana – a dona da casa e professora de nutrição – nos brindou com um maravilhoso café-da-manhã. Providencial, já que abriu caminho para o espoco de mais cilibinas. No chão da sala a nossa torcedora mais empolgada não resistiu e desabou no colo do namorado, borrando a tatuagem do jornal O Globo que havia cuidadosamente colocado no rosto.


Vem o segundo tempo e nossa equipe não conseguiu fazer mais do que um gol nos fracos chineses. Junto com o apito final veio a impressão de que o jogo foi tal e qual comida de hospital: serve para alimentar, porém falta sal e muito tempero...


Ora, mas quem se importa? Afinal de contas, pretexto é pretexto. Que venha a Costa Rica!

segunda-feira, outubro 25, 2004

Mais mudanças

Aproveitando o embalo da troca do sistema de comentários, fiz outras alterações que há muito já se faziam necessárias. A começar pelo nome do blogue. O Fred havia sugerido que o título fosse Mesa de BOteco, ao invés de mesa de Mesa de BUteco, para igualar com a URL e evitar enganos.

Na coluna direita, onde ficam os links permanentes, também houve modificações. O antigo e sóbrio "Contributors" foi substituído por "Bêbados Conhecidos", um nome mais apropriado para listar as pessoas que escrevem nesse espaço. Clicando sobre cada nome, o visitante pode mandar uma mensagem diretamente para o nosso email pessoal.

Mais abaixo, inseri alguns links para sites interessantes, como a Agenda do Samba & Choro (tá bom, eu confesso, foi por isso que o Paulo Neves nos achou! :D ). Coloquei também um link para a página oficial do Flamengo. Apesar do nosso time atual, todo mundo aqui é rubro-negro. Quer dizer, quase todo mundo. Mas o Mauro, além de ser minoria, é café-com-leite, já que ainda não se dignou a escrever uma linha sequer por aqui!

Caso vocês tenham outras sugestões de links pra gente incluir em nosso blogue, é só me avisar. Links polêmicos devem ser submetidos à apreciação da mesa de boteco e aprovados pela maioria. O que já exclui, de cara, um link para a página do Botafogo!

Lá no final, no rodapé da página, eu coloquei um contador. Isso vai nos causar imensa frustração, pois será a prova documental que ninguém, além de nós mesmos, aparece por aqui!

sábado, outubro 23, 2004

João Teodoro

Em um momento que o Rio de Janeiro assiste a uma descarada demonstração de clientelismo político, lembro que os escritos do sr. José Bento Monetiro Lobato continuam mais atuais do que nunca. Quem dera se todos tivessem a consciência do personagem do conto que transcrevo abaixo.

Um homem de consciência

Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.

Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.

Mas João Teodoro acompanhava com aperto do coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.

"Isto já foi muito melhor", dizia consigo. "Já teve três médicos bem bons - agora um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca
está se acabando..."

João Teodoro entrou a incubar a idéia de também mudar-se, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto
ou arranjo possível.

"É isso", deliberou lá por dentro. "Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui."

Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio. Delegado ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria ser nada, se julgava
capaz de nada...

Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca!...

João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalo magro e partiu.

- Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de
armas e bagagens?

- Vou-me embora - respondeu o retirante. - Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.

- Mas, como? Agora que você está delegado?

- Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado eu não moro.

Adeus.

E sumiu.

_________________________
Monteiro Lobato,
Um homem de consciência,

In Cidades mortas, Brasiliense

Ao Alexandre, com carinho

Em um dos bares do centro do Rio, um grupo de analistas de sistema batia um animado papo:
- Gente, vocês precisavam ver a morena que eu descolei por aqui outro dia!
A revelação chama logo a atenção dos amigos.
- Jura? Como foi? Conta logo!
O interlocutor, vendo que as atenções da mesa estão voltadas para ele, faz pose:
- E não tô dizendo pra vocês? Um monumento! Depois de uns minutos de azaração, a mina já tava no papo! – disse, desenhando com as mãos um violão no ar – Claro que eu levei logo pro meu apê!
- E ela aceitou? – quis saber um deles, com os olhos arregalados.
- E você acha que a gata não ia cair na lábia aqui do papai?
- Continua! Continua! – esbravejou o mais empolgado.
- Chegando em casa, beijinho pra cá, carinho pra lá... fomos para o meu quarto.
- E aí? – clamava a torcida.
- E aí que eu deitei aquele mulherão na cama e me ocupei em tirar sua roupa. Primeiro a saia. Mermão, que par de coxas!
- Cara, tu é muito sortudo!
- Shhhhi, deixa ele terminar!
- Bem – prosseguiu o narrador – ,depois eu arranquei a blusa dela, joguei em cima do meu micro novo e...
- Ué, você comprou um micro novo? Qual é o processador?

Sem limites para comentar!

Pelo menos é o que parece que oferece esse novo sistema de comentários que eu adicionei ao nosso blog. O Reblogger é simples, não dá para alterar muita coisa (como, por exemplo, o link que aparece embaixo do post, mostrando o número de comentários). Mas o visual é bem mais clean e não tem aquela palhaçada de interromper a conversa no quinto comentário. Mais uma vez, perdemos os comentários antigos. Espero que seja a última mudança desse tipo.

Foi uma busca demorada, pois os outros sistemas que eu encontrei, ou eram pagos ou tinham encerrado a inscrição de novos assinantes.

Porém, se essa nossa nova tribuna é eficiente mesmo, só o tempo dirá! Aproveite e clique aí embaixo para dizer o que achou da troca.

terça-feira, outubro 19, 2004

O quinto elemento Americano

Longe de ser a Segunda opção do carioca, em termos futebolísticos, me causou surpresa a entrada do Americano no quadrangular final da série C do Campeonato Brasileiro de 2004 e minha torcida é para o clube alvinegro de Campos dos Goytacazes.

Além do Americano-RJ, Gama-DF, União Barbarenense-SP e Limoeiro-CE completam o quadrangular.

Afinal de contas, na primeira divisão Botafogo, Flamengo e Vasco estarem perto da zona de rebaixamento e o Fluminense aspirando o limbo entre o 5 ao 13 lugar (simplesmente coadjuvante), desanimando o torcedor de qualquer dos grandes times do Rio de Janeiro.

Ou seja, o Americano, hoje tem a real possibilidade de ser campeão ou vice na terceirona, passando a ser o quinto elemento no campeonato brasileiro. Não sei se foi por sorte ou mérito (porque não assisti os jogos) mas desde o inicio do ano, Americano se credenciou no campeonato carioca, deixando o Botafogo fora das semi finais.

Sendo o quinto elemento do futebol do estado, espero que o Americano volte pra Segunda Divisão. Bem verdade que o clube tem uma imagem antipática, porque dente os torcedores e o quadro social, está o famigerado Eduardo Vianna – O Caixa D’agua presidente deposto da Federação de Futebol do Estado Rio de Janeiro -FERJ.

Se o caro bloggueiro amante de uma peleja futebolística, quiser acompanhar o desenrolar dos jogos e da classificação fica aqui minha sugestão para o seguinte site: