quarta-feira, novembro 10, 2004

Muitos gigabytes de vida!



Em 1996, um jovem mestrando em informática passou a freqüentar assiduamente uma roda de samba na Lapa. O evento, que tinha Monarco como anfitrião, recebia semanalmente nomes que não tinham espaço na mídia. Nessa mesma época, a internet começava a se popularizar e aquele rapaz, maravilhado com o som que batucava da Lapa, resolveu unir o útil ao agradável: aprender como funcionava esse lance de uouldi uaide uébi e divulgar as rodas de samba e choro da cidade.

Foi assim que Paulo Eduardo Neves criou a Agenda do Samba & Choro, um sítio (substantivo que fez questão de ressaltar, em substituição ao site, algum tempo depois da criação da página) dedicado à Música Popular Brasileira de primeira qualidade.

Conheci a “Agenda” dois anos e meio após a sua inauguração, em 1999, quando instalei a internet em minha casa e passei a ter acesso regular à rede. E eu, que já me considerava um “conhecedor” de samba, tive a possibilidade de expandir meus horizontes a nomes e músicas que não acreditava que ainda não tinha conhecimento. Esse tempo perdido eu tentei compensar, começando a freqüentar as rodas anunciadas pelo informativo semanal que passei a receber em minha caixa postal, toda sexta-feira. Dessa época, guardo especial carinho das rodas-de-samba no Lagoinha, eventos dos quais eu e o Romney viramos habitués. Um projeto do cacete que, infelizmente, já não existe mais.

Oito anos depois, a Agenda do Samba e Choro é o principal instrumento de divulgação na mídia, cobrindo o que rola desses gêneros em vários estados do Brasil. Faça o teste. Vai lá no Google, digite o nome de um intérprete ou compositor de samba ou de choro e mande pesquisar. Dentre os vários links listados, pelo menos um vai te remeter ao sítio do Paulo Neves. O informativo agora é enviado duas vezes na semana – terça e sexta-feira – e conta com mais de 27 mil assinantes em todo o país e até mesmo fora dele.



No último domingo, aconteceu a comemoração do oitavo aniversário. Como no último ano a festa mal comportou o número de pessoas que foi ao Centro Cultural José Bonifácio, na Gamboa, Paulo e a equipe de colaboradores – que conta, entre outras pessoas, com a sua esposa, Christiane Pacheco – procuraram um lugar mais apropriado, não só pela grandiosidade da festa, mas também pela simbologia: a quadra da Portela, em Oswaldo Cruz.

E foi uma festa e tanto! Participações notáveis de Camunguelo, Nelson Sargento, Wilson Moreira, Tia Surica, Zé Luiz, Ivan Milanez, Wanderley Monteiro e, é claro, o homenageado da noite, Jair do Cavaquinho, em seu impecável terno verde-água. Outras pessoas também passaram por lá, mas a quantidade de latões da Skol que eu bebi não me deixam lembrar. Aliás, lembro de uma coisa, o comentário do Fred: “Puxa, achei que eu tava sendo exagerado comprando oito fichas de cerveja”, disse-me ele, enquanto puxava sua oitava ficha, rumo ao bar. Sem dúvida foi preciso comprar mais algumas fichas, já que naquele momento a festa ainda estava longe de acabar.

Semana que vem, a batucada continua. Dessa vez em São Paulo, no Espaço CUCA, na Barra Funda. Há muitos anos eu procurava um motivo para ir para a Terra da Garoa. No próximo final de semana estarei desembarcando em Sampa. Minha irmã pensa que a visita é para atender a seus insistentes convites para conhecer o seu apartamento, no qual ela e o marido já moram há mais de cinco anos. Mas eles não precisam saber a verdade, né?

Vida longa à Agenda do Samba & Choro!