Nunca fui de praticar esportes. Nas peladas, de rua ou de colégio, nunca era escolhido pelos "capitães" dos times e só participava das pelejas por ordem do professor, mesmo assim a contra-gosto.
Mas sempre considerei um momento especial as olimpíadas do CAp-UERJ, colégio onde estudei o ginásio. Tá legal, confesso que adorava o fato de ficar sem aulas durante uma semana inteirinha, por conta do evento. Mas não perdia um dia sequer de competição, indo integrar a torcida de minha bandeira (a cada ano, o aluno era sorteado para uma cor de bandeira, de acordo com o seu número na chamada).
E se uma competição de estudantes já me despertava interesse, o que dizer da maior de todas as festas do esporte mundial, com a participação dos melhores atletas do planeta? Não tem doído nadinha ficar em casa, debaixo do cobertor, curtindo esse friozinho enquanto assisto ao festival de jogos que são transmitidos em uma ótima cobertura da televisão brasileira.
Nesses primeiros dois dias de evento, já deu para presenciar boas cenas, sejam elas engraçadas ou emocionantes. Quem viu, por exemplo, a cara de "o que foi que aconteceu?" do esgrimista que fora derrotado na final em questão de segundos? Ou a vitória da seleção de Porto Rico sobre os "papões" dos EUA, no basquete? Momento mágico foi a saída da pequena Daniele Hipólito das barras assimétricas, com uma finalização perfeita, com os dois pés no chão.
Mas a imagem mais emocionante, até agora, para nós brasileiros, foi a despedida de Gustavo Borges. Quatro olimpíadas e quatro medalhas depois (duas de prata e duas de bronze), o nadador chorou ao dar adeus às competições olímpicas. Um atleta como ele sabe muito bem a dificuldade que é viver de esporte no Brasil, principalmente os considerados "amadores". Para conseguir chegar aonde chegou, Gustavo precisou até mesmo sair do país, em busca de centros de treinamentos mais adequados. As lágrimas desse nosso herói revelam muito mais que a tristeza de não estar presente nas próximas olimpíadas. Mostram também a falta de respaldo, por parte dos órgãos oficiais brasileiros, em relação ao esporte nacional. Enquanto o nosso ministro de esportes segue em sua especial predileção por pagas micos homéricos, nossos atletas continuam fazendo esforços hercúleos para conseguir para o Brasil um punhado de medalhas, conquistadas a custa de talentos individuais.
E como isso aqui é um
buteco, mesmo que virtual, vale puxar aqui um samba pra animar o papo. Esse vai pra você, Gustavão!
Moleque Atrevido
Jorge Aragão - Flavio Cardoso - Paulinho Rezende
Quem foi que falou
Que eu não sou um moleque atrevido
Ganhei minha fama de bamba
No samba de roda
Fico feliz em saber
O que fiz pela música
Faça favor
Respeite quem pode chegar
Onde a gente chegou
Também somos linha de frente
De toda essa história
Nós somos do tempo do samba
Sem grama, sem glória
Não se discute talento
Nem seu argumento
Me faça o favor
Respeite quem pode chegar
Onde a gente chegou
E a gente chegou muito bem
Sem a desmerecer a ninguém
Enfrentando no peito um certo preconceito
E muito desdém
Hoje em dia é fácil dizer
Essa música é nossa raiz
Tá chovendo de gente
Que fala de samba
E não sabe o que diz
Por isso vê lá onde pisa
Respeite a camisa que a gente suou
Respeite quem pode chegar onde a gente chegou
E quando chegar no terreiro procure primeiro
Saber quem eu sou
Respeite quem pode chegar onde a gente chegou